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Como escritor, não me sinto ameaçado pelo ChatGPT — me sinto auxiliado
Tecnologia Como escritor, não me sinto ameaçado pelo ChatGPT — me sinto auxiliado

Eu estou adorando o ChatGPT. Não é algo que muitas pessoas que trabalham com texto vêm dizendo por aí, mas acredito que deveria ser, porque estou percebendo inúmeras utilizações úteis da ferramenta para a nossa profissão.

Sou escritor e jornalista e, não, não me sinto ameaçado. Pelo contrário: para mim, o ChatGPT virou uma excelente ferramenta de pesquisa e insights.

É bastante proveitoso ter um local para tirar dúvidas muito específicas sobre um assunto do qual você está produzindo conteúdo. Ou resumir textos enormes para uma leitura mais dinâmica. Ou traduzir, ou editar, ou descobrir novas ideias.

Sim, é possível pedir para que essa IA escreva para você. E sim, dependendo do propósito do texto, o resultado pode sair aceitável. Genérico, dificilmente notável, mas aceitável. Às vezes, aceitável é o suficiente. 

Na era de conteúdo para todo lado, se você quer se destacar, precisa de mais do que isso. A criatividade humana ainda é o combustível por trás de qualquer bom conteúdo, ainda que ele seja construído com ajuda da tecnologia. Por isso, mesmo que a ferramenta me entregue uma base boa, eu ainda tenho que evoluir meu raciocínio de texto dali pra frente. Preciso, realmente, ser melhor do que a máquina, pelo menos até o ponto em que minhas habilidades humanas não podem ser copiadas.

O ChatGPT possui suas limitações, como o fato de estar atualizado com informações apenas até 2021 ao invés de ser em tempo real. Mas não é difícil imaginar que logo, logo, uma nova IA surgirá para cobrir o que o ChatGPT não consegue.

E aí, será hora de temer o fim dos nossos empregos? Acredito que não. Nem agora, nem depois.

Tenho pensado a transformação digital, de modo geral, assim: a tecnologia substitui, e nós temos que, a partir dela, nos reinventarmos, porque as possibilidades se ampliam. Essa lógica vai afetar todos os segmentos; brigar contra isso é impossível e improdutivo.

A humanidade vem se reinventando o tempo todo e é exatamente isso que deve continuar acontecendo. Pode ser que se esgotem as possibilidades de reinvenção algum dia? Pode ser. Mas, por enquanto, nós temos muito a evoluir.

Se eu preciso reunir dados para produzir um texto, e há uma ferramenta que faz esse trabalho infinitamente mais rápido do que eu, qual a razão de continuar reunindo dados manualmente? Eu preciso passar para a tecnologia o que ela sabe fazer e focar no que ainda depende só de mim. Mais do que isso, preciso pensar em novas maneiras de entregar o meu trabalho, indo além do operacional e cada vez mais para o inventivo e inovador.

Inovações como essa levam a humanidade a se inovar também. Pode ser desconfortável, claro, não culpo ninguém que se sinta incomodado. Afinal, é uma mudança que muitos podem não ter previsto, muito menos desejado. Só que a maioria das mudanças que alteraram a forma como o mundo funciona foram assim.

Não dá para saber exatamente o que será o próximo paradigma tecnológico de uma ou de todas as profissões. Não dá para se preparar com precisão, a não ser que você esteja no campo de pesquisa em questão. O que dá para fazer é supor sempre que algo vai mudar. A única constante é a mudança.

Na hora que acontecer, então, recomendo abrir os braços e conhecer a novidade, ao invés de automaticamente classificá-la como um “inimigo”. Quando a tecnologia ganha, sempre podemos ganhar com ela. Acredite, é bem melhor do que perder para ela.

 


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