Considerada uma solução para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no mundo, a implantação de uma frota global de veículos autônomos (VAs) poderia gerar, na prática, tantas emissões de carbono quanto todos os data-centers instalados no mundo atualmente. Isso devido à energia necessária para operar os poderosos computadores de bordo de tal comboio autocontrolado.
O alerta vem de um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, foi feito com base em modelo estatístico. A hipótese foi que um bilhão de VAs, cada um dirigindo por uma hora/dia, consumiria individualmente 840 watts, mas coletivamente o mesmo que todos os data centers atuais.
O artigo científico com os resultados foi publicado na revista IEEE Micro.
Como é o modelo de emissões de computadores de bordo?
Para modelar as probabilidades de emissões dos computadores de bordo de uma suposta frota global de VAs, os autores mostraram que esses gases do efeito estufa têm um potencial considerável para impactar as emissões globais da mesma forma que a soma de todos os data centers em 2018, que consumiram coletivamente cerca de 400 bilhões de quilowatts-hora.
Definido em um comunicado pela primeira autora do estudo, Soumya Sudhakar, como "uma equação enganosamente simples", o modelo se resume a uma função do número de veículos na frota global, da potência de cada computador de bordo de cada veículo, das horas dirigidas por cada veículo e da intensidade de carbono resultante da eletricidade que alimenta cada computador.
O grande problema, diz Sudhakar, é que "estamos considerando um aplicativo emergente que ainda não existe”. Dessa forma, a variante "quantidade de tempo dirigido" pode aumentar porque pessoas podem realizar tarefas enquanto o carro trafega. Mas pode ser que diminua, pois os algoritmos certamente encontrarão rotas mais rápidas.
Como manter as emissões sob controle?
Levando em conta as tendências atuais, os pesquisadores trabalharam com um cenário de automação veicular generalizada, onde cerca de 95% de todos os veículos fossem autônomos. Nesse caso, para evitar que as emissões fiquem fora de controle, cada veículo teria que consumir menos 1,2 kW de energia para computação.
Para que as emissões em 2050 sejam iguais às emissões de todos os data centers em 2018, diz o estudo, o hardware de computação atual precisa se tornar mais eficiente em um ritmo muito mais rápido – dobrando sua eficiência a cada 1,1 ano – isso dentro de um cenário em que as cargas de trabalho dobrem a cada três anos.
Embora esse nível de eficiência possa ser atingido com o uso de um hardware projetado para executar algoritmos de direção específicos, o mesmo não se pode dizer da vida útil do veículo, geralmente entre 10 e 20 anos. Dessa forma, dizem os autores, esse hardware teria que ser "à prova de futuro", de forma a continuar sempre executando algoritmos atualizados.
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