O ChatGPT tem provocando um debate intenso na indústria criativa. Muitos líderes renomados criticam a tecnologia por falta de originalidade e senso moral. Nessa semana, o cineasta Steven Spielberg e o linguista Noam Chomsky elevaram o tom dos questionamentos, abordando as fragilidades da inteligência artificial (IA).
O que pensa Chomsky sobre o ChatGPT?
Em artigo publicado no jornal The New Times, Chomsky se mostra cético quanto ao entusiasmo da solução desenvolvida pela OpenAI e outras companhias de tecnologia. O linguista destaca que os modelos matemáticos são capazes de memorizar e elaborar conteúdo com base em um banco de dados, mas “não conseguem distinguir o possível do impossível”.
“A verdadeira inteligência é demonstrada na capacidade de pensar e expressar coisas improváveis, mas perspicazes”, comenta.
Ele exemplifica que a teoria de Aristóteles de que as maçãs caem na terra porque esse é seu lugar natural é provável, mas traz mais questões. No entanto, a teoria de Einstein de que as maçãs caem na terra porque a massa dobra o espaço-tempo é altamente improvável, mas verdadeira.
“Por esse motivo, as previsões dos sistemas de aprendizado de máquina sempre serão superficiais e duvidosas”, escreveu Chomsky. Os programas não podem explicar as regras da sintaxe dos idiomas e relações mais complexas. Para ele, o conhecimento correto sobre a linguagem não pode ser aprendido usando apenas o big data.
O que disse Spielberg sobre a inteligência artificial?
Já Spielberg expressou suas preocupações quanto a IA durante entrevista com Stephen Colbert, no programa The Late Show. O cineasta afirmou que a tecnologia nunca poderá replicar a alma humana. “A alma é inimaginável e é inefável. E não pode ser criado por nenhum algoritmo, é apenas algo que existe em todos nós”, refletiu.
O diretor de cinema acredita que a IA usa critérios e referências pré-determinados para criar algo que parece ser feito por um humano, mas na verdade é apenas uma imitação. Spielberg se preocupa com a autonomia que a IA pode ter sobre o ponto de vista humano.
“Eu não acho que a moralidade é apenas sobre escalar uma montanha e chegar ao topo e, em seguida, olhar para trás”, considerou o cineasta. O diretor cita seu filme Inteligência Artificial (2001) como exemplo dos malefícios que poderiam acontecer caso a tecnologia passe a dominar o mundo.
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