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Tecnologia ChatGPT, Microsoft e Google: sua vida na internet vai mudar?

Criado pela startup OpenAI, o ChatGPT virou não só o assunto do momento como uma pedra no sapato das big techs, em especial do Google. A ferramenta vem se destacando por sua impressionante capacidade de conversar com usuários, gerar textos e resolver fórmulas matemáticas.

O interesse sobre a novidade por parte do público, mídia e empresas fez o Google  repensar ou adiantar soluções para concorrer com o chatbot. Diante do fato de esse ser o principal motor de busca, isso pode representar uma mudança na forma como nos relacionamos e trabalhamos na web.

Como o ChatGPT funciona? A ferramenta utiliza IA por meio de uma rede neural, o GPT. Ao ser treinado com um enorme volume de dados, ele aprende informações e cria uma base de conhecimento. Desse modo, é possível enviar uma pergunta ou pedido por um prompt, e o Chat retorna com uma resposta ou cria um conteúdo, conforme o solicitado.

A rivalidade começou quando a Microsoft anunciou neste ano a integração do DALL-E 2, ferramenta de text-to-image, ao Microsoft 365. A companhia também disse que iria incluir o ChatGPT em todas as suas soluções.

Assim, houve a integração do chatbot da OpenAI ao Bing (especificamente no Bing Chat). Dentre várias novidades, a empresa revelou o Copilot, IA que cria textos, slides, planilhas, analisa dados, notas automáticas e mais (veja uma amostra abaixo). Do outro lado, o Big G vai adicionar funções generativas às ferramentas do Workspace.

E nas buscas? A Microsoft com o ChatGPT seria uma ameaça ao Google? Aqui é importante levar alguns pontos em consideração. Segundo o Statista, o Google detém cerca de 85% das buscas na internet, enquanto o Bing não chega nem a 10%.

Vale lembrar que, além de dominar o segmento, existe uma tendência de “os conteúdos priorizados serem feitos por humanos e para humanos”, explicou Anita Tobias, analista de SEO da NZN, ao The BRIEF.

“Acredito que a busca por IA apenas fará um filtro dos usuários entre aqueles que estão apenas interessados em conteúdo rápido e os que estão interessados em ler um bom texto e consumir de fato o que uma marca esteja oferecendo”, completa a expert.

Google: chatbots e outros modelos de IA

A Google pesquisa e desenvolve recursos de IA desde os anos 2000 — embora apenas em 2017 tenha passado a se autodescrever como uma firma “AI-first”. Aqui estão algumas iniciativas relevantes:

BERT (Bidirectional Encoder Representations from Transformers) – IA responsável pela melhoria do motor de busca e traduções do Google Tradutor nos últimos anos;

LaMDA (Language Model for Dialogue Applications) – família de modelos de linguagem neural com aplicações conversacionais. Essa é aquela tecnologia que um ex-engenheiro da big tech alegou ter alma;

MuM (Multitask Unified Model) – modelo por trás da próxima grande atualização do motor de busca, que promete entregar resultados de pesquisas complexas e personalizadas, em múltiplos idiomas e formatos de conteúdo;

Bard – baseado no LaMDA, funciona de modo similar ao ChatGPT: basta introduzir uma pergunta ou pedido, que a ferramenta entregará uma resposta ou conteúdo.

A empresa ainda trabalha em várias tecnologias de IA generativa, por meio da divisão DeepMind: o Imagen (de text-to-image), além do Imagen Video, Phenaki (ambos de text-to-video) e outras. Mas vem procurando liberá-las para testes de modo restrito.

Agora em março de 2023, a Google anunciou o PaLM-E (Pathways language Model): ele promete desempenho superior, ao combinar e entender linguagens, bem como assimilar imagens. O modelo ainda une esses recursos para gerar comandos complexos para robôs, reconhece imagens e gera textos/legendas a partir delas.

Isso nos remete ao badalado GPT-4, atualização do GPT-3.5, IA multilinguagem de base do ChatGPT, anunciada há poucos dias pela OpenAI.

Essa versão traz o diferencial de aceitar inputs de imagens, combinados a um desempenho acima do humano em realizar tarefas acadêmicas e profissionais. Embora essa seja uma alteração sutil em comparação à versão 3.5, o GPT-4 é capaz de criar o código de um site a partir de uma descrição, por exemplo.

ChatGPT e SEO: o que muda?

Devido a uma ampla melhoria (ou não), a implantação dessas IAs nos principais mecanismos de busca poderia mudar a forma como consumimos informação e como ela seria gerada.

Desse modo, surgem algumas questões:  essas tecnologias vão impactar nossas buscas? Como elas mudariam estratégias de SEO e outras técnicas de alcance online? E a produção de conteúdo seria diferente?

“É cedo para prever se haverá impacto (positivo ou negativo) [dessas ferramentas] para as buscas utilizando mecanismos convencionais”, explicou ao The BRIEF Anita Tobias, analista de SEO da NZN.

É possível usar o ChatGPT em SEO?

No entanto, a turma da estratégia pode explorar as capacidades do ChatGPT e rivais para tarefas simples, como pesquisa de palavras-chave e criação de títulos. Nesse último caso, ainda vale uma boa conferência antiplágio.

Apesar disso, a profissional acredita que no futuro “teremos cada vez mais usuários qualificados que acessam sites através dos mecanismos de busca, e pessoas interessadas em soluções e respostas rápidas possivelmente vão migrar para a inteligência artificial”.

Qualquer coisa nova acende o fogo do hype nas pessoas, que começam a criar milhões de teorias, quase apocalípticas, sobre o avanço dessas tecnologias. Contudo, a real é que a suposta chegada em larga escala delas demoraria.

“Tempo suficiente para que profissionais da área busquem se adaptar frente a esse novo (e hipotético) cenário”, argumentou Anita.

ChatGPT tem falhas, mas...

 Esse tipo de tecnologia possui problemas, como respostas inconsistentes, possibilidade de criar informação falsa rapidamente e geração de textos muito similares àqueles exibidos nos resultados de pesquisa.

 Mesmo assim, a produção de conteúdo a partir de chatbots vem rolando há um tempo, inclusive em grandes veículos internacionais — o BuzzFeed, por exemplo, vai usar o ChatGPT para criar seus famosos testes.

Meses atrás o Cnet, site dos EUA especializado em ciência e tecnologia, virou alvo de investigação do concorrente Futurism por conta de um conjunto de artigos criados nessas IAs.

 O resultado desse trampo foi uma matéria que apontava plágio e erros factuais em suas produções, mesmo após supostamente terem passado por supervisão humana. O assunto se espalhou no mundo todo, e não demorou muito para a editora-chefe do Cnet, Connie Guglielmo, admitir o problema.

“Em alguns casos, nossa ferramenta de verificação de plágio não foi usada corretamente pelo editor ou falhou em capturar frases [completas] ou parciais que se assemelhavam muito ao idioma original”, escreveu ela em uma nota.

 Chatbots podem roubar empregos?

Ano passado, falamos em uma edição do The BRIEF que a capacidade do GPT-3 já impressionava, por trás de uma ferramenta de copywritting chamada Jasper.

Com 55 mil clientes, ela era usada na criação de textos simples otimizados para web, como descrição de produtos e imagens, assim como textos de anúncios de publicidade digital, posts de rede social etc.

A OpenAI tinha revelado ao Wired, naquela época, que já existiam concorrentes com mais de 1 milhão de clientes. Enfim, existe todo um mercado ligado na vantagem de obter textos rápidos.

Mas quando o assunto é conteúdo altamente informativo, robusto e criativo para web a coisa muda de figura. “Não existe otimizar conteúdo apenas para algoritmo, assim como não existe para chatbot”, argumentou Anita.

A profissional inclusive destacou a importância de seguir as diretrizes do Google, principal motor do momento, nas quais a qualidade vem em primeiro lugar.

Apesar de na peneira buscador ainda passarem publicações duvidosas, seus updates têm cada vez mais visado o aspecto “humano” e que responda direitinho as perguntas dos usuários, como falamos lá em cima.

Segundo Anita, esse é o desafio “de ontem, hoje e amanhã” tanto para os profissionais de SEO e estratégia quanto para as marcas que querem garantir autoridade. Depois não adianta reclamar que seu conteúdo está igual a muitos outros da web. Quem avisa amigo é!

 


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