A LucasFilm pegou todo mundo de surpresa ao anunciar um novo filme de Star Wars focado em Rey, a Jedi vivida por Daisy Ridley. No papel, a produção tem os ingredientes para agradar qualquer fã da saga Skywalker, mas a realidade é outra. Bastaram algumas horas após o anúncio para o público se dividir quanto ao projeto, que tem o enorme desafio ao dar sequência à complicada trilogia composta pelos Episódios VII, VIII e IX.
Ainda sem título, foi revelado apenas que o “filme da Rey” vai se passar 15 anos após A Ascensão Skywalker (2019) e acompanhará a formação de uma Nova Ordem Jedi e “os poderes que surgem para destruí-la”. A direção fica por conta da vencedora do Oscar Sharmeen Obaid-Chinoy (Ms. Marvel), com roteiro de Steven Knight (Peaky Blinders).
Focar na construção de um novo grupo de Jedi soa como uma espécie de “volta às origens” da franquia. Muito antes de se expandir em prelúdios, continuações e derivados, Star Wars nasceu com a história de como Luke Skywalker descobriu o caminho da Força e se tornou um Jedi para estabelecer a paz na galáxia.
Mais do que repetir essa trama, algo já mostrado na trilogia mais recente, o novo filme pode mostrar a etapa seguinte que Luke nunca concluiu nos cinemas. Acompanhar a construção de uma nova Ordem Jedi nunca foi mostrado diretamente na saga e dá aos fãs o que sonhar desde que o próprio Luke se tornou um Mestre em O Retorno de Jedi (1983).
Para isso, o novo filme pode aproveitar o gancho deixado pelos Episódios VIII e IX, que mostram que alguns dos livros que registram as histórias e códigos dos Jedi sobreviveram ao incêndio de Os Últimos Jedi. É com base neles, e nas próprias experiências, que Rey deve partir para reunir seres sensitivos à Força e montar uma espécie de nova academia.
Porém, mesmo com a chance de contar algo que os fãs sempre quiseram ver, o filme conta com uma grande dose de descrença. Isso porque Rey é um dos símbolos da “nova trilogia”, cujo desempenho passou longe de ser unânime. Um problema que pode ser observado na própria Jedi, que coleciona altos e baixos.
Há quem lembre com carinho do retorno à franquia pelos olhos da heroína, uma catadora de um planeta qualquer que recebe o chamado da Força e entra em uma jornada para salvar a galáxia. Porém, há quem foque no desenvolvimento pobre que terminou com a revelação de que ela é descendente do Imperador Palpatine, mas o renega para adotar “Skywalker” como sobrenome.
Essa soma de erros e acertos deixou muita gente confusa quanto à razão para trazer de volta a protagonista de um arco que não deu certo como se esperava. A resposta ainda parece distante, pois o projeto está em etapas iniciais. Porém, a mera decisão de mexer nesse vespeiro já indica que a grande motivação é corrigir o péssimo tratamento dado à personagem e, quem sabe, finalmente torná-la o ícone prometido em O Despertar da Força (2015).
“Melhor professor, o fracasso é”
Em primeiro lugar, é interessante notar que o filme não foi anunciado como “Episódio X”. Um detalhe aparentemente simples, mas que dá uma tônica diferente ao projeto. Isso porque, na saga principal de Star Wars, os “Episódios” exigem um escopo gigantesco que movimenta a galáxia e o elenco principal da franquia.
Com isso em mente, tornar a nova aventura de Rey algo à parte e mais direcionada aos Jedi elimina a necessidade de estabelecer paradigmas e explicar ausências que fariam falta em um Episódio. É claro que o filme deve mostrar como está a galáxia após a queda da Primeira Ordem e até trazer alguns dos personagens de volta, mas definir um escopo menor evita a criação de perguntas que a produção não será capaz de responder sem forçar a barra.
Esse é um ponto que causou algumas das grandes lacunas na nova trilogia, desde a criação da Primeira Ordem bem embaixo do nariz da Nova República até o infame e inexplicável retorno de Palpatine. Questões complexas que foram abordadas de forma tão rasa, que se tornaram piada com o tempo.
Outro grande problema que um projeto autocontido deve evitar é o desenvolvimento fragmentado entre os capítulos. Entregar os episódios VII, VIII e IX a pessoas com ideias diferentes de para onde a franquia deve caminhar fragilizou o projeto ao ponto de que algo importante acabava desconsiderado e corrigido no filme seguinte. Basta lembrar a contraditória trajetória para a revelação dos pais de Rey.
Por fim, também seria a primeira vez que um “Skywalker” protagonizaria um projeto fora do circuito dos Episódios, já que as três trilogias sempre foram focadas em tais personagens – ao ponto de a sequência do I ao IX ser batizada de “Saga Skywalker”. Embora Rey não pertença aos Skywalkers por parentesco, descolá-la da amarração dos Episódios poderia ser benéfico para a própria visão da família e dos Jedi como um todo.
Uma Nova Esperança
Mais do que o sonho de fãs esperançosos, essa ressignificação de Rey para a mitologia Star Wars parece ser um forte desejo da LucasFilm. Presidente da empresa, Kathleen Kennedy revelou ao IGN que o filme não deve “passar muito tempo em flashbacks ou com fantasmas da Força”, um grande indicativo de que o interesse é no presente e futuro desse universo.
E faz sentido que seja Rey a carregar essa tocha adiante. Mesmo em um caminho tão tortuoso, ela se tornou a grande Jedi na nova era de Star Wars após a trilogia clássica. Se por um lado é impossível refazer os episódios VII, VIII e IX, talvez a saída seja aproveitar o que deu certo e usá-lo como ponto de partida para a história grandiosa que esse universo merece.
Afinal, por trás de toda a desconfiança e até amargura, é a esperança por aventuras grandiosas que mantém o fã de Star Wars atento a novos lançamentos. E, sejamos francos, um pouco de fé não faz mal à ninguém – já a falta dela, pode ser perturbadora.
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