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Justiça dos EUA começa a ouvir testemunhas de casos que podem mudar a internet
Mundo Justiça dos EUA começa a ouvir testemunhas de casos que podem mudar a internet

Nesta terça-feira (21), a Suprema Corte dos Estados Unidos ouvirá os argumentos do caso que ficou conhecido como Gonzales v. Google. Nesta quarta-feira (22), será a vez de testemunhas do caso Twitter v. Taamneh.

Resumo

Gonzalez v. Google e Twitter v. Taamneh são dois processos que culpam as plataformas por facilitar os ataques do Estado Islâmico.

A decisão final do tribunal sobre esses casos determinará a responsabilidade dos serviços da Web por hospedar atividades ilegais, principalmente se as promoverem com recomendações algorítmicas.

A Suprema Corte aceitou os dois processos em outubro: um a pedido de uma família que está processando o Google e outro como defesa preventiva movida pelo Twitter. 

Os dois casos são os últimos em uma longa série de processos alegando que os sites são legalmente responsáveis por não removerem a propaganda terrorista. 

A maioria desses processos falhou, muitas vezes graças à chamada Seção 230, que protege as empresas da responsabilidade por hospedar conteúdo ilegal. A atividade de moderação de conteúdo por plataformas digitais nos EUA é regulamentada pela Seção 230 do Communications Decency Act (CDA), de 1996. Segundo a norma, provedores de serviços interativos na internet não podem ser considerados porta-vozes do que é publicado por terceiros. Duas exceções foram aprovadas mais tarde, em 2018: alguns conteúdos pirateados e pornográficos.

Gonzales v. Google

Em novembro de 2015, atiradores do ISIS abriram fogo em um restaurante em Paris, matando 130 pessoas – entre as vítimas estava Nohemi Gonzalez, uma estudante de 23 anos.

Agora, quase oito anos mais tarde, sua família alega que o YouTube violou a lei e teria atuado como “plataforma de recrutamento” para os extremistas ao recomendar vídeos relacionados ao Estado Islâmico.

A Suprema Corte vai ouvir os argumentos da família e do Google.

O Google argumenta que a Seção 230 protege a empresa da responsabilidade legal por conteúdo recomendado por algoritmos. 

Twitter v. Taamneh

Em 1º de janeiro de 2017, Abdulkadir Masharipov, um terrorista do ISIS, disparou contra a boate Reina, em Istambul, Turquia, matando 39 e ferindo outras 69. Nawras Alassaf, um cidadão jordaniano que visitava a cidade com sua esposa para as festividades do Ano Novo, estava entre os mortos.

Em 2018, quatro parentes de Alassaf, todos cidadãos americanos, entraram com uma ação civil no tribunal federal alegando que Google, Twitter e Facebook eram uma parte crítica do crescimento do ISIS. Eles argumentaram que essas plataformas tinham responsabilidade civil secundária – o que significa que não eram diretamente responsáveis pelo ataque.

O Twitter apresentou sua petição com o objetivo de reforçar suas defesas legais caso o tribunal aceitasse os argumentos da família de Nohemi Gonzalez e decidisse desfavoravelmente para o Google.

Em sua petição, o Twitter argumenta que, independentemente do resultado do Google com a Seção 230, não é uma violação da lei antiterrorismo simplesmente falhar em banir terroristas usando uma plataforma para serviços de uso geral. 

As decisões para ambos os casos são esperados até o final de junho.

 


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