Em um marco histórico para a astronomia, o Telescópio Espacial James Webb desvendou segredos do início do Universo, alcançando um marco surpreendente em um canto remoto do espaço.
Menos de 1,5 bilhão de anos após o cataclísmico Big Bang, os astrônomos decifraram o sinal espectral de moléculas intrincadas chamadas hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs), vindos da enigmática galáxia SPT0418-47.
Essas moléculas revelaram a composição dos grãos de poeira que serpentam entre os corpos celestes e contribuem para as misteriosas nuvens interestelares. A descoberta desses hidrocarbonetos aromáticos policíclicos indica uma profusão de nascimentos estelares, um fenômeno presente desde os primórdios do Universo. No entanto, a distribuição da poeira não é uniforme, fornecendo informações valiosas sobre os diferentes locais da galáxia onde ocorrem essas criações celestiais.
A equipe, incluindo Kedar Phadke, estudante de pós-graduação da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, e o professor Joaquin Vieira, revelou que as emissões de PAH e grãos de poeira variam consideravelmente, representando processos complexos dentro das galáxias antigas.
Esses hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, embora pareçam termos esotéricos, são mais comuns do que se imagina. Na Terra, eles são tão abundantes quanto a fuligem, podendo ser encontrados em carvão, fumaça, poluição e até mesmo no petróleo bruto. No Universo, a maioria dessas moléculas é de origem não biológica e surpreendentemente abundante.
Análises anteriores sugerem que cerca de 15% de todo o carbono presente em galáxias semelhantes à nossa está ligado aos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, que flutuam como poeira no meio interestelar e são indicadores confiáveis de formação estelar.
Detectar esses compostos em galáxias distantes é uma tarefa desafiadora, mas o Telescópio Espacial James Webb possui uma capacidade sem precedentes. Além disso, a utilização de lentes gravitacionais foi fundamental para essa descoberta. Essas lentes cósmicas ocorrem quando a gravidade de objetos massivos distorce o espaço-tempo, ampliando a luz e permitindo observações mais detalhadas.
Graças a uma lente gravitacional entre nós e a galáxia SPT0418-47, situada a cerca de 3 bilhões de anos-luz de distância, o Webb capturou observações detalhadas dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos em um comprimento de onda infravermelho médio de 3,3 micrômetros.
Publicada na revista Nature, a conquista representa a detecção mais distante já realizada dessas moléculas complexas. Embora mistérios ainda persistam, a descoberta tem implicações fascinantes para o futuro.
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