Um dispositivo vestível e inteligente capaz de fazer um acompanhamento constante do uso da voz para evitar a fadiga vocal e possível lesões foi anunciado por cientistas da Universidade Northwestern, de Evanston, nos Estados Unidos. O aparelho é particularmente útil para pessoas que ganham a vida falando ou cantando.

A fadiga vocal é uma síndrome constante na vida de cantores, políticos, professores e treinadores. A condição ocorre quando, usadas em excesso, as pregas vocais incham, tornando a voz rouca ou mais fraca. O grande risco não é o cansaço da voz em si, diz o estudo, mas a falta de consciência da conexão entre as atividades vocais do dia a dia e a forma de como elas afetam as vozes das pessoas.

“É fácil para as pessoas esquecerem o quanto usam a voz”, diz a especialista em voz da Northwestern, Theresa Brancaccio, que participou do estudo. Para ela, embora alguns cantores experientes consigam ficar mais conscientes do uso de suas vozes, pessoas com menos vivência e treinamento não percebem que estão exagerando. Para piorar, a falta de um método de monitoramento quantitativo aumenta o risco do distúrbio vocal.

Como funciona o dispositivo de monitoramento das pregas vocais?

Descrito na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) em estudo publicado no dia 21 de fevereiro, o dispositivo flexível fica posicionado acima do peito para monitorar a atividade vocal. Algoritmos treinados para diferenciar a fala do canto conseguem também avisar o usuário quando ele atinge seu limite de uso da voz. Quando é hora de um descanso, um alerta pode ser enviado via bluetooth para um relógio ou pulseira inteligente.

O acompanhamento da voz é feito em tempo real, e os dados são enviados instantaneamente a um aplicativo de telefone ou tablet.

De acordo com John A. Rogers, cientista de bioeletrônica que liderou o desenvolvimento do aparelho, o dispositivo consegue medir a amplitude e a frequência da fala e do canto, os parâmetros mais importantes para determinar a carga total sobre as pregas vocais. "Estar ciente desses parâmetros é essencial para gerenciar padrões saudáveis de vocalização", afirma Rogers em um comunicado.

O desenvolvimento do dispositivo foi feito por uma equipe multidisciplinar, que incluiu engenheiros biomédicos e cantores de ópera.